By Ivana Melo Pereira
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Pelagra e pele
Pequeno trecho do artigo Pellagra and skin, o objetivo é enfatizar os sintomas da pelagra, principalmente o "colar de casal".
Fonte:
Review Pellagra and skin
Kaliaperumal Karthikeyan, MD, and Devinder Mohan Thappa, MD, DHA, MNAMS
From the Department of Dermatology and STD, Jawaharlal Institute of
Postgraduate Medical Education and Research, Pondicherry – 605 006, India
Epidemiology of pellagra
Pellagra has occurred in many geographic areas as one of the commonest world-wide afflictions.
Once a formidable and widespread deficiency disease among a malnourished population subsisting mainly on maize diets, pellagra has declined in all parts of the world. Although today the condition is rather uncommon, occasional cases are found. It is still endemic in remote areas of the world where green vegetables, fruit, and animal proteins are unobtainable. Pellagra was endemic in Egypt until the gradual replacement of maize with wheat brought about improvements. In areas of Africa, south of the Sahara, namely in Nyasaland (Malawi) and Basutoland (Lesotho), as well as in areas of South Africa where maize is still a basic food, pellagra continues to be a problem.
The disease is particularly common in areas populated by the Bantu tribe in South Africa and is
endemic in a few areas of Western Africa, notably Angola. Besides Africa, a significant number of cases have been reported in Asia.
The disease is endemic in the deltas of some rivers in China. However, most reports related to pellagra in Asia have come from India. While pellagra is historically a disease of a maize-eating population, it has been reported in the Telangana area of Andhra Pradesh in India and in some
segments of the population who eat a cereal known as jowar (Sorghum vulgare); these people consume very little milk or other foods of animal origin.
Amino-acid imbalance caused by an excess of leucine is the cause of pellagra in both jowar and maize eaters. Excess of leucine appears to interfere in the conversion of tryptophan to niacin. Pellagra is an endemic disease among the population of India whose basic diet is maize or jowar (Sorghum vulgare).
A striking fall in the incidence of pellagra occurred in the USA following the discovery of nicotinic acid’s role; nowadays it is rarely encountered. In the European countries it appears nowadays sporadically.
Pellagra has occurred in many geographic areas as one of the commonest world-wide afflictions.
Once a formidable and widespread deficiency disease among a malnourished population subsisting mainly on maize diets, pellagra has declined in all parts of the world. Although today the condition is rather uncommon, occasional cases are found. It is still endemic in remote areas of the world where green vegetables, fruit, and animal proteins are unobtainable. Pellagra was endemic in Egypt until the gradual replacement of maize with wheat brought about improvements. In areas of Africa, south of the Sahara, namely in Nyasaland (Malawi) and Basutoland (Lesotho), as well as in areas of South Africa where maize is still a basic food, pellagra continues to be a problem.
The disease is particularly common in areas populated by the Bantu tribe in South Africa and is
endemic in a few areas of Western Africa, notably Angola. Besides Africa, a significant number of cases have been reported in Asia.
The disease is endemic in the deltas of some rivers in China. However, most reports related to pellagra in Asia have come from India. While pellagra is historically a disease of a maize-eating population, it has been reported in the Telangana area of Andhra Pradesh in India and in some
segments of the population who eat a cereal known as jowar (Sorghum vulgare); these people consume very little milk or other foods of animal origin.
Amino-acid imbalance caused by an excess of leucine is the cause of pellagra in both jowar and maize eaters. Excess of leucine appears to interfere in the conversion of tryptophan to niacin. Pellagra is an endemic disease among the population of India whose basic diet is maize or jowar (Sorghum vulgare).
A striking fall in the incidence of pellagra occurred in the USA following the discovery of nicotinic acid’s role; nowadays it is rarely encountered. In the European countries it appears nowadays sporadically.
Fonte:
Review Pellagra and skin
Kaliaperumal Karthikeyan, MD, and Devinder Mohan Thappa, MD, DHA, MNAMS
From the Department of Dermatology and STD, Jawaharlal Institute of
Postgraduate Medical Education and Research, Pondicherry – 605 006, India
Por: Pollana Roberta Alves Campos
RESUMÃO
" Do italiano pelle agra, pele áspera, veio o termo pelagra para designar uma patologia caracterizada por dermatose que acometia povos assumidamente grandes consumidores de milho, como os italianos e os norte-americanos. Mais uma vez foi Funk que ligou o problema a uma deficiência alimentar que poderia ser evitado com o consumo de leite, ovos e carne.
Goldberger, outro grande estudioso das vitaminas conseguiu, usando dietas deficientes, provocar a chamada língua negra em cães, somente pecando por achar que a deficiência seria de aminoácidos. Mais tarde foi sabido que a pelagra poderia ser prevenida com o uso de preparações de vitamina B solúvel na água contendo um fator resistente ao calor. Lá por 1935 foi que Warburg isolou a amida do ácido nicotínico (nicotinamida) de coenzimas das hemácias do cavalo. Dois anos após, Elvehjem mostrou que a nicotinamida contida no fígado era eficaz no tratamento da pelagra e da língua negra. Goldberger, com grande perspicácia, mostrou que o triptofano podia curar a pelagra humana por ser convertido pelo organismo em ácido nicotínico.
A pá de cal no assunto foi colocada por Goldshmidt, já em 1958, quando provocou pelagra experimentalmente em humanos alimentados com dieta pobre em ácido nicotínico e triptofano. Como pode ser sintetizada a partir do aminoácido essencial triptofano (cada 60 mg de triptofano fornecido pela dieta dá origem a 1 mg de niacina), alguns autores não consideram a niacina uma verdadeira vitamina.
A pelagra já foi endêmica na América do Sul e outras partes do mundo, o que, era determinado pelo alto consumo do milho. Mas, nem tudo está bem explicado porque há povos que consomem muito milho como principal fonte proteica e não têm pelagra. E, embora o milho tenha pouca niacina, há outros cereais com conteúdo semelhante que não são associados à pelagra. A doença seria mais por um balanceamento inadequado de aminoácidos na dieta ou um problema de complexidade muito maior? Mistério, diria o nosso pároco numa introspectiva homilia. A moagem do milho prejudica a bioavaliabilidade da niacina.
O ácido nicotínico somente exerce as suas funções orgânicas ao ser convertido em nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) ou nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP), que servem como coenzima para uma série de proteínas que catalizam uma série de reações de oxi-redução essenciais para a respiração dos tecidos. O termo niacina engloba o ácido nicotínico, a NAD e a NADP.
Os sinais de intoxicação pelo ácido nicotínico (ácido piridino 3 carboxílico) são o prurido (coceira), o rubor da pele, intoxicação hepática, ativação de úlcera péptica e alterações gastrintestinais.
O sinais da dermatose simétrica provocada pela pelagra lembram os da queimadura solar e surgem no dorso da mão (pode evoluir como lesão em luva, a luva pelagrosa), testa, pescoço (colar de Casal)e pés, muitas vezes como uma bota (bota pelagrosa); como vê-se, aparece nas regiões expostas aos raios solares e parece ser devida a fotossensibilização (para outros autores, os raios solares seriam apenas fatores irritantes que piorariam a dermatose) e termina em descamação e formação de cicatrizes (algumas vezes predominam as bolhas e as vesículas, o tipo úmido).
Apresenta a pelagra também sinais digestivos, como estomatite, glossite (primeiramente aparecem as lesões vermelhas e inchadas na ponta e nas margens laterais, evoluindo para atingir toda a língua. Podem haver ulcerações), muitas vezes associadas a vaginite, enterite e diarréia, náuseas e vômitos, e sinais neurológicos como insônia, depressão, fadiga, apatia, perda da memória, desorientação, halucinações, demência, além de distúrbios sensoriais e motores dos nervos periféricos (acha-se que a polineurite periférica seja devida à ausência de outras vitaminas). É a síndrome dos três D (diarréia, demência, dermatite). Os sinais mentais talvez surjam pela queda na conversão do triptofano em serotonina, o chamado hormônio do prazer.
As fontes principais do ácido nicotínico são as carnes de gado, a carne magra de porco, o fígado, o frango, o peixe (o salmão é muito rico), os grãos integrais, os cereais enriquecidos, os legumes e as nozes. O triptofano, aminoácido essencial, é fornecido principalmente pelas proteínas animais. O leite e o ovo contêm pouca niacina, mas são ricos em triptofano, o que, lhes confere papel importante na profilaxia da pelagra. Nunca é demais lembrar que as proteínas do leite e do ovo são as únicas da dieta comum que são completas, isso é, possuem todos os aminoácidos essenciais. Parte da niacina contida em alguns alimentos, como certos cereais, está na forma conjugada e não pode ser disponibilizada do ponto de vista nutricional. Por ser estável, os níveis de niacina pouco são afetados pelo cozimento ou a fervura dos alimentos.
Tanto o ácido nicotínico como a nicotinamida são absorvidos por todo o trato intestinal, por vias passiva e ativa, numa média entre 3 a 4g/dia num adulto humano, e distribuem-se por todos os tecidos. Um quinto é transformado em ácido nicotinúrico e o restante é eliminado na urina principalmente como carboxamida metil piridona e metilnicotinamida.
As necessidades humanas diárias variam de 5 mg/dia na infância até 20 mg/dia nas mulheres em lactação. Ao contrário de outras vitaminas, as necessidades parecem não aumentar durante a gravidez. As necessidades aumentam em quadros em que o triptofano é altamente catabolizado, como a síndrome carcinóide, ou pobremente absorvido como na doença de Hartnup (herdada, autossômica recessiva, com deficiência do transporte de aminoácidos e que, entre os sinais clínicos, apresenta dermatose semelhante à pelagra). Lembrar que altas doses de niacina (10 vezes maior do que as doses recomendadas nos pássaros) podem provocar flushing, sensação de calor e de queimação e, nos casos mais graves, evoluir para hepatoxiidade, colestase (retenção biliar) e icterícia (amarelão da pele e mucosas determinado pela bilirrubina).
Um dado terapêutico interessante: embora a pelagra responda bem ao ácido nicotínico ou seus congêneres, a neurite periférica não responde a eles e sim à tiamina. Alguns autores aconselham acrescentar a riboflavina e a piridoxina nos casos de pelagra mais resistente. A evolução da pelagra é longa e progressiva, às vezes durante anos, e a morte acontece normalmente por complicações secundárias. Volto a lembrar que a deficiência geralmente não se restringe a uma só vitamina do complexo B, o que, determina que um grupo delas deve sempre entrar no raciocínio de quem traça um esquema profilático e terapêutico."
By: Ivana Melo
Fonte: http://www.cobrap.org.br/site/artigos_vis.php?id=414
Bom, acima tem uma explicação bem simples sobre a niacina e a pelagra, principais aspectos e algumas curiosidades. Obs.: "Os sinais mentais talvez surjam pela queda na conversão do triptofano em serotonina", creio que não há relação com demência e sim a a síndrome de carcinóide.
Goldberger, outro grande estudioso das vitaminas conseguiu, usando dietas deficientes, provocar a chamada língua negra em cães, somente pecando por achar que a deficiência seria de aminoácidos. Mais tarde foi sabido que a pelagra poderia ser prevenida com o uso de preparações de vitamina B solúvel na água contendo um fator resistente ao calor. Lá por 1935 foi que Warburg isolou a amida do ácido nicotínico (nicotinamida) de coenzimas das hemácias do cavalo. Dois anos após, Elvehjem mostrou que a nicotinamida contida no fígado era eficaz no tratamento da pelagra e da língua negra. Goldberger, com grande perspicácia, mostrou que o triptofano podia curar a pelagra humana por ser convertido pelo organismo em ácido nicotínico.
A pá de cal no assunto foi colocada por Goldshmidt, já em 1958, quando provocou pelagra experimentalmente em humanos alimentados com dieta pobre em ácido nicotínico e triptofano. Como pode ser sintetizada a partir do aminoácido essencial triptofano (cada 60 mg de triptofano fornecido pela dieta dá origem a 1 mg de niacina), alguns autores não consideram a niacina uma verdadeira vitamina.
A pelagra já foi endêmica na América do Sul e outras partes do mundo, o que, era determinado pelo alto consumo do milho. Mas, nem tudo está bem explicado porque há povos que consomem muito milho como principal fonte proteica e não têm pelagra. E, embora o milho tenha pouca niacina, há outros cereais com conteúdo semelhante que não são associados à pelagra. A doença seria mais por um balanceamento inadequado de aminoácidos na dieta ou um problema de complexidade muito maior? Mistério, diria o nosso pároco numa introspectiva homilia. A moagem do milho prejudica a bioavaliabilidade da niacina.
O ácido nicotínico somente exerce as suas funções orgânicas ao ser convertido em nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) ou nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADP), que servem como coenzima para uma série de proteínas que catalizam uma série de reações de oxi-redução essenciais para a respiração dos tecidos. O termo niacina engloba o ácido nicotínico, a NAD e a NADP.
Os sinais de intoxicação pelo ácido nicotínico (ácido piridino 3 carboxílico) são o prurido (coceira), o rubor da pele, intoxicação hepática, ativação de úlcera péptica e alterações gastrintestinais.
O sinais da dermatose simétrica provocada pela pelagra lembram os da queimadura solar e surgem no dorso da mão (pode evoluir como lesão em luva, a luva pelagrosa), testa, pescoço (colar de Casal)e pés, muitas vezes como uma bota (bota pelagrosa); como vê-se, aparece nas regiões expostas aos raios solares e parece ser devida a fotossensibilização (para outros autores, os raios solares seriam apenas fatores irritantes que piorariam a dermatose) e termina em descamação e formação de cicatrizes (algumas vezes predominam as bolhas e as vesículas, o tipo úmido).
Apresenta a pelagra também sinais digestivos, como estomatite, glossite (primeiramente aparecem as lesões vermelhas e inchadas na ponta e nas margens laterais, evoluindo para atingir toda a língua. Podem haver ulcerações), muitas vezes associadas a vaginite, enterite e diarréia, náuseas e vômitos, e sinais neurológicos como insônia, depressão, fadiga, apatia, perda da memória, desorientação, halucinações, demência, além de distúrbios sensoriais e motores dos nervos periféricos (acha-se que a polineurite periférica seja devida à ausência de outras vitaminas). É a síndrome dos três D (diarréia, demência, dermatite). Os sinais mentais talvez surjam pela queda na conversão do triptofano em serotonina, o chamado hormônio do prazer.
As fontes principais do ácido nicotínico são as carnes de gado, a carne magra de porco, o fígado, o frango, o peixe (o salmão é muito rico), os grãos integrais, os cereais enriquecidos, os legumes e as nozes. O triptofano, aminoácido essencial, é fornecido principalmente pelas proteínas animais. O leite e o ovo contêm pouca niacina, mas são ricos em triptofano, o que, lhes confere papel importante na profilaxia da pelagra. Nunca é demais lembrar que as proteínas do leite e do ovo são as únicas da dieta comum que são completas, isso é, possuem todos os aminoácidos essenciais. Parte da niacina contida em alguns alimentos, como certos cereais, está na forma conjugada e não pode ser disponibilizada do ponto de vista nutricional. Por ser estável, os níveis de niacina pouco são afetados pelo cozimento ou a fervura dos alimentos.
Tanto o ácido nicotínico como a nicotinamida são absorvidos por todo o trato intestinal, por vias passiva e ativa, numa média entre 3 a 4g/dia num adulto humano, e distribuem-se por todos os tecidos. Um quinto é transformado em ácido nicotinúrico e o restante é eliminado na urina principalmente como carboxamida metil piridona e metilnicotinamida.
As necessidades humanas diárias variam de 5 mg/dia na infância até 20 mg/dia nas mulheres em lactação. Ao contrário de outras vitaminas, as necessidades parecem não aumentar durante a gravidez. As necessidades aumentam em quadros em que o triptofano é altamente catabolizado, como a síndrome carcinóide, ou pobremente absorvido como na doença de Hartnup (herdada, autossômica recessiva, com deficiência do transporte de aminoácidos e que, entre os sinais clínicos, apresenta dermatose semelhante à pelagra). Lembrar que altas doses de niacina (10 vezes maior do que as doses recomendadas nos pássaros) podem provocar flushing, sensação de calor e de queimação e, nos casos mais graves, evoluir para hepatoxiidade, colestase (retenção biliar) e icterícia (amarelão da pele e mucosas determinado pela bilirrubina).
Um dado terapêutico interessante: embora a pelagra responda bem ao ácido nicotínico ou seus congêneres, a neurite periférica não responde a eles e sim à tiamina. Alguns autores aconselham acrescentar a riboflavina e a piridoxina nos casos de pelagra mais resistente. A evolução da pelagra é longa e progressiva, às vezes durante anos, e a morte acontece normalmente por complicações secundárias. Volto a lembrar que a deficiência geralmente não se restringe a uma só vitamina do complexo B, o que, determina que um grupo delas deve sempre entrar no raciocínio de quem traça um esquema profilático e terapêutico."
By: Ivana Melo
Fonte: http://www.cobrap.org.br/site/artigos_vis.php?id=414
Bom, acima tem uma explicação bem simples sobre a niacina e a pelagra, principais aspectos e algumas curiosidades. Obs.: "Os sinais mentais talvez surjam pela queda na conversão do triptofano em serotonina", creio que não há relação com demência e sim a a síndrome de carcinóide.
Sintomas da Pelagra....
Diarréia.
Fonte: http://www.overmundo.com.br/_banco/multiplas/12103528211_diarreia.jpg
Demência.
Fonte: http://www.apuntesdepsicologia.com/img/demencia-semantica1.jpg
Dermatite
Fonte: http://www.uftm.edu.br/instpub/fmtm/nutrologia/Pelagra%20cicatrizando.jpg
Os "3D" da pelagra.
By: Ivana Melo
Pelagra x Síndrome carcinóide
O artigo a seguir aborda sobre a síndrome carcinóide, mas para fins didáticos não analisaremos o artigo por completo e sim a parte histórica.
GASTRO-INTESTINAL CARCINOIDS are slow growing neoplasms as compared with adenocarcinomas, but they can also behave aggressively. They are derived from neoplastic proliferation of enterochromaffin (ECL) or Kulchitsky cells (1).
In 1888, Lubarsch first described a patient with multiple carcinoids of the ileum but regarded them as carcinomas (2). Two years later, Ransom first described the classical symptomatology of the carcinoid syndrome in a patient with an ileal carcinoid tumor and hepatic metastasis (3). However, it was Oberndorfer in 1907, who coined the term "karzinoide" to describe these tumors, which he believed to behave in a more benign fashion than adenocarcinomas (4). In 1963, Williams and Sandler classified carcinoids according to their embryologic site of origin as foregut carcinoids (respiratory tract, stomach, duodenum, biliary system, and pancreas), midgut carcinoids (small intestine, appendix, cecum, and proximal colon), and hindgut carcinoids (distal colon and rectum) (5). However, these lesions exhibit a high degree of morphologic and biologic heterogeneity and a more generic term, neuroendocrine tumor (NET) has been introduced to replace the term carcinoid. Such lesions are currently referred to as gastroenteropancreatic (GEP) NETs (GEP-NETs). According to the WHO classification, distinction was made between well-differentiated NETs (benign behavior or uncertain malignant potential), well-differentiated neuroendocrine carcinomas (low-grade malignancy), and poorly differentiated (usually small cell) neuroendocrine carcinomas of high-grade malignancy. Nevertheless, the term carcinoid was not abandoned and for GEP-NETs, it is used synonymously with the term "well-differentiated NET". The term "malignant carcinoid" is used synonymously with the term well-differentiated neuroendocrine carcinoma (6). The differentiation is based on tumor morphology, tumor size (in general larger tumors are more aggressive), and the presence or absence of local invasion and/or metastasis, thus reflecting biological behavior. Most NETs are well-differentiated tumors that are characterized by a solid trabecular or glandular structure, tumor cell monomorphism with absent or low cytological atypia, and a low mitotic (<> 10 mitoses/mm2) and proliferative status (> 15% Ki-67 positive cells), diffuse reactivity for cytosolic markers, and scant or weak reactivity for granular markers or neurosecretory products (1).
Carcinoid lesions are the most common NETs and compose approximately 50% of all NETs of the gastrointestinal tract. In most instances, they are discovered incidentally at the time of surgery for other abdominal disorders. Their presence may be undetectable for years without obvious signs or symptoms. Evidence for this observation is supported by their relatively high incidence in large autopsy series (7). When symptoms do occur, they are due either to local tumor mass effects, the effects of tumor-engendered fibrosis, or to the secreted bioactive products from the neoplasm. Symptoms caused by local tumor effects include vague abdominal pain (invasion, intussusception, fibrous adhesions, hypermotility), which is often undiagnosed or leads to erroneous diagnoses like irritable bowel syndrome (8,9).
Carcinoids have protean clinical presentations, depending on what combination of bioactive substances is secreted. One of their main characteristics of the enterochromaffin (ECL) or Kulchitsky cells is the synthesis, storage, and secretion of serotonin. Serotonin (5-hydroxytrypamine, 5-HT) is synthesized from tryptophan through its precursor, 5-hydroxy tryptophan (5-HTP), and subsequently metabolized to 5-hydroxyindoleacetic acid (5-HIAA), which is excreted in the urine. In addition to serotonin, carcinoid tumors may also secrete other hormones such as corticotrophin (ACTH), histamine, dopamine, substance P, neurotensin, prostaglandins, kallikrein, and tachykinins. In normal subjects, approximately 99% of tryptophan is used for the synthesis of nicotinic acid (niacin), and 1% or less is converted to 5-HT. In patients with carcinoid tumors, there is a shift toward the production of 5-HT and eventually 5-HIAA. This may lead to tryptophan deficiency and pellagra might ensue as a result of nicotinic acid deficiency (9). When 5-HT and other products are secreted into the portal circulation, they are efficiently metabolized by the liver and do not usually cause any systemic signs or symptoms. However, when liver metastases are present or when the primary lesions are found in the bronchus and/or ovaries, the systemic features of the carcinoid syndrome become more evident. This classical syndrome occurs in fewer than 10% of patients, and its most typical clinical manifestations include cutaneous flushing most commonly of the face, neck, and upper chest and diarrhea, occurring in up to 75%. Less frequent manifestations include cardiac valvular abnormalities (plaque-like, fibrous endocardial thickening that principally involves the right side of the heart (causing tricuspid regurgitation tricuspid stenosis, pulmonary regurgitation, and pulmonary stenosis), bronchoconstriction and (as already mentioned) pellagra. Foregut carcinoids can secrete 5-HTP, histamine and polypeptide hormones like ACTH. The can produce a characteristic clinical syndrome known as "atypical" carcinoid syndrome. Midgut carcinoids release 5-HT and other vasoactive compounds such as kinins, prostaglandins, and substance P and they are more likely to cause the classic carcinoid syndrome with the development of hepatic metastases. Hindgut carcinoid tumors rarely contain 5-HT and usually do not present with the carcinoid syndrome; however. The symptoms of the carcinoid syndrome can be both of variable intensity as well as paroxysmal, responding intermittently to a particular "trigger" agent, such as alcohol, cheese, coffee (these are serotonin-rich foods), or exercise (8,10,11).
Many carcinoid tumors exhibit a significant association with other non-carcinoid tumors of various histological types. A relatively large percentage of carcinoids are multicentric.
Because carcinoid tumors frequently present with obscure clinical manifestations, numerous investigatory procedures are often undertaken prior to establishing the correct diagnosis. Although clinical diagnosis is based on symptoms, biochemical confirmation is necessary. The diagnostic strategies employed usually depend on the individual clinical presentation (8,10,11)."
Fonte Bibliográfica: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302005000500028&lng=pt&nrm=isso
Com base no artigo, percebe-se a influência da síndrome com a pelagra, pois a secreção liberada pelo tumor, no caso a enterochromaffin (ECL), está associada com a produção de serotonina. Para que ocorra síntese de serotonina, deve-se ter triptofano como substrato, logo o triptofano presente no organismo ao invés de ser convertido a niacina - vitamina anti-pelagra- em grande escala é convertido em serotonina, diminuindo os níveis de niacina provocando a pelagra.
By: Ivana Melo
" HISTORICAL OVERVIEW
GASTRO-INTESTINAL CARCINOIDS are slow growing neoplasms as compared with adenocarcinomas, but they can also behave aggressively. They are derived from neoplastic proliferation of enterochromaffin (ECL) or Kulchitsky cells (1).
In 1888, Lubarsch first described a patient with multiple carcinoids of the ileum but regarded them as carcinomas (2). Two years later, Ransom first described the classical symptomatology of the carcinoid syndrome in a patient with an ileal carcinoid tumor and hepatic metastasis (3). However, it was Oberndorfer in 1907, who coined the term "karzinoide" to describe these tumors, which he believed to behave in a more benign fashion than adenocarcinomas (4). In 1963, Williams and Sandler classified carcinoids according to their embryologic site of origin as foregut carcinoids (respiratory tract, stomach, duodenum, biliary system, and pancreas), midgut carcinoids (small intestine, appendix, cecum, and proximal colon), and hindgut carcinoids (distal colon and rectum) (5). However, these lesions exhibit a high degree of morphologic and biologic heterogeneity and a more generic term, neuroendocrine tumor (NET) has been introduced to replace the term carcinoid. Such lesions are currently referred to as gastroenteropancreatic (GEP) NETs (GEP-NETs). According to the WHO classification, distinction was made between well-differentiated NETs (benign behavior or uncertain malignant potential), well-differentiated neuroendocrine carcinomas (low-grade malignancy), and poorly differentiated (usually small cell) neuroendocrine carcinomas of high-grade malignancy. Nevertheless, the term carcinoid was not abandoned and for GEP-NETs, it is used synonymously with the term "well-differentiated NET". The term "malignant carcinoid" is used synonymously with the term well-differentiated neuroendocrine carcinoma (6). The differentiation is based on tumor morphology, tumor size (in general larger tumors are more aggressive), and the presence or absence of local invasion and/or metastasis, thus reflecting biological behavior. Most NETs are well-differentiated tumors that are characterized by a solid trabecular or glandular structure, tumor cell monomorphism with absent or low cytological atypia, and a low mitotic (<> 10 mitoses/mm2) and proliferative status (> 15% Ki-67 positive cells), diffuse reactivity for cytosolic markers, and scant or weak reactivity for granular markers or neurosecretory products (1).
Carcinoid lesions are the most common NETs and compose approximately 50% of all NETs of the gastrointestinal tract. In most instances, they are discovered incidentally at the time of surgery for other abdominal disorders. Their presence may be undetectable for years without obvious signs or symptoms. Evidence for this observation is supported by their relatively high incidence in large autopsy series (7). When symptoms do occur, they are due either to local tumor mass effects, the effects of tumor-engendered fibrosis, or to the secreted bioactive products from the neoplasm. Symptoms caused by local tumor effects include vague abdominal pain (invasion, intussusception, fibrous adhesions, hypermotility), which is often undiagnosed or leads to erroneous diagnoses like irritable bowel syndrome (8,9).
Carcinoids have protean clinical presentations, depending on what combination of bioactive substances is secreted. One of their main characteristics of the enterochromaffin (ECL) or Kulchitsky cells is the synthesis, storage, and secretion of serotonin. Serotonin (5-hydroxytrypamine, 5-HT) is synthesized from tryptophan through its precursor, 5-hydroxy tryptophan (5-HTP), and subsequently metabolized to 5-hydroxyindoleacetic acid (5-HIAA), which is excreted in the urine. In addition to serotonin, carcinoid tumors may also secrete other hormones such as corticotrophin (ACTH), histamine, dopamine, substance P, neurotensin, prostaglandins, kallikrein, and tachykinins. In normal subjects, approximately 99% of tryptophan is used for the synthesis of nicotinic acid (niacin), and 1% or less is converted to 5-HT. In patients with carcinoid tumors, there is a shift toward the production of 5-HT and eventually 5-HIAA. This may lead to tryptophan deficiency and pellagra might ensue as a result of nicotinic acid deficiency (9). When 5-HT and other products are secreted into the portal circulation, they are efficiently metabolized by the liver and do not usually cause any systemic signs or symptoms. However, when liver metastases are present or when the primary lesions are found in the bronchus and/or ovaries, the systemic features of the carcinoid syndrome become more evident. This classical syndrome occurs in fewer than 10% of patients, and its most typical clinical manifestations include cutaneous flushing most commonly of the face, neck, and upper chest and diarrhea, occurring in up to 75%. Less frequent manifestations include cardiac valvular abnormalities (plaque-like, fibrous endocardial thickening that principally involves the right side of the heart (causing tricuspid regurgitation tricuspid stenosis, pulmonary regurgitation, and pulmonary stenosis), bronchoconstriction and (as already mentioned) pellagra. Foregut carcinoids can secrete 5-HTP, histamine and polypeptide hormones like ACTH. The can produce a characteristic clinical syndrome known as "atypical" carcinoid syndrome. Midgut carcinoids release 5-HT and other vasoactive compounds such as kinins, prostaglandins, and substance P and they are more likely to cause the classic carcinoid syndrome with the development of hepatic metastases. Hindgut carcinoid tumors rarely contain 5-HT and usually do not present with the carcinoid syndrome; however. The symptoms of the carcinoid syndrome can be both of variable intensity as well as paroxysmal, responding intermittently to a particular "trigger" agent, such as alcohol, cheese, coffee (these are serotonin-rich foods), or exercise (8,10,11).
Many carcinoid tumors exhibit a significant association with other non-carcinoid tumors of various histological types. A relatively large percentage of carcinoids are multicentric.
Because carcinoid tumors frequently present with obscure clinical manifestations, numerous investigatory procedures are often undertaken prior to establishing the correct diagnosis. Although clinical diagnosis is based on symptoms, biochemical confirmation is necessary. The diagnostic strategies employed usually depend on the individual clinical presentation (8,10,11)."
Fonte Bibliográfica: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302005000500028&lng=pt&nrm=isso
Com base no artigo, percebe-se a influência da síndrome com a pelagra, pois a secreção liberada pelo tumor, no caso a enterochromaffin (ECL), está associada com a produção de serotonina. Para que ocorra síntese de serotonina, deve-se ter triptofano como substrato, logo o triptofano presente no organismo ao invés de ser convertido a niacina - vitamina anti-pelagra- em grande escala é convertido em serotonina, diminuindo os níveis de niacina provocando a pelagra.
By: Ivana Melo
"Pelagra Endógena" - Doença de Hartnup.... ???
" Pelagra endógena e ataxia cerebelar sem aminoacidúria. Doença de Hartnup?
RESUMO
Menino, 7 anos, com história de convulsão, hiperpigmentação cutânea em áreas de exposição solar e episódios recorrentes de ataxia cerebelar. Estabelecido diagnóstico clínico de doença de Hartnup, foi tratado com nicotinamida, com melhora. Análises não confirmaram aminoacidúria ou outras alterações metabólicas. Na doença de Hartnup ocorre defeito no transporte renal e intestinal de aminoácidos neutros, reduzindo triptofano disponível para produção de niacina. Cursa com ataxia cerebelar intermitente, erupções cutâneas pelagróides e distúrbios mentais. Aminoacidúria em cromatografia urinária confirma diagnóstico, porém são descritos casos compatíveis com doença de Hartnup sem aminoacidúria.
Palavras-chave: Aminoacidúria renal; Doença de Hartnup; Pelagra
INTRODUÇÃO
A doença de Hartnup é condição genética autossômica recessiva rara, que acomete principalmente crianças entre cinco e 15 anos de idade,1 descrita por Baron e cols.2 em 1956. Sua fisiopatologia está relacionada a defeito no transporte tubular proximal renal e intestinal jejunal de aminoácidos neutros, sendo a gênese de suas manifestações clínicas atribuída à queda dos níveis de niacina (vitamina B3), ocasionada pela diminuição da absorção de seu precursor, o triptofano.
Múltiplas formas de apresentação podem ser reconhecidas, desde indivíduos totalmente assintomáticos, passando pela forma mais freqüente identificada por dermatite fotossensível do tipo pelagróide associada a ataxia cerebelar intermitente e sintomas neuropsíquicos, podendo até mesmo em alguns casos desenvolver quadros mais graves com lesões neurodegenerativas progressivas e morte. Exposição à luz solar, febre, uso de sulfonamidas, estresse emocional, infecções intercorrentes e dieta irregular ou inadequada são fatores descritos como possíveis desencadeantes dos sinais e sintomas.
O diagnóstico da doença de Hartnup é estabelecido pela identificação de hiperaminoacidúria na cromatografia urinária. A ausência de hiperaminoacidúria em pacientes com quadro clínico de doença de Hartnup vem sendo descrita por alguns autores. O tratamento baseia-se na administração oral de nicotinamida (40 a 250mg/dia).
RELATO DO CASO
Menino de sete anos, branco, procedente de zona rural, filho único de pais sadios não consangüíneos, foi assistido em serviço de pronto atendimento em julho de 2003, ocasião na qual a mãe relatou história de crise convulsiva generalizada, de início súbito, no domicílio, uma hora antes. Negou passado recente ou remoto de trauma crânio-encefálico, infecções do sistema nervoso central, crises semelhantes ou qualquer outra doença associada nem uso rotineiro de qualquer medicação.
Mãe refere que em duas ocasiões (junho de 2001 e julho de 2002) a criança desenvolveu lesões cutâneas eritêmato-descamativas, não pruriginosas, inicialmente vinhosas que evoluíam para áreas avermelhadas com descamação, sempre restritas a regiões de exposição ao sol, associadas a alteração importante da marcha (cambaleante) que perduravam ao longo de duas ou três semanas com resolução espontânea e concomitante das lesões cutâneas e da marcha, recebendo, na ocasião, o diagnóstico de pelagra.
Na admissão hospitalar chamava a atenção aspecto ressecado da pele, eritematosa com áreas de descamação superficial localizadas em face, nuca, colo, dorso de antebraços, mãos ,além de pernas e pés.Negava alteração do hábito intestinal. Neurologicamente apresentava-se consciente, auto e alodesorientado, hiperreflexia global de tendões profundos, sem sinais de irritação meníngea, marcha atáxica (base alargada e articulações enrijecidas) que evoluiu atingindo a inabilidade para deambulação. Exame de fundo de olho normal. Demais sistemas sem alterações. Avaliação antropométrica: 25kg de peso (p75%), 118cm (p25%) de estatura.
Por ocasião da internação foram realizados hemograma, EAS e urina de 24 horas, glicemia, dosagem de eletrólitos e proteínas (total e frações), provas de função hepática e renal, análise do LCR (incluindo exame bacterioscópico, pesquisa de fungos, toxoplasmose e VDRL), radiografia de tórax e crânio, sendo considerados todos os resultados normais. A tomografia craniana computadorizada e a ressonâncea magnética do crânio não revelaram anomalias. Eletroencefalograma (EEG) de repouso e ativado pela hiperpnéia evidenciou desorganização difusa do traçado. Sua idade óssea foi calculada em sete anos, segundo critérios de Pyle para sexo masculino.
A cromatografia plana e bidimensional de aminoácidos em papel não revelou elevação na excreção urinária de aminoácidos. Níveis séricos de aminoácidos mostraram-se dentro dos padrões de normalidade. Não foi detectado indican urinário, tampouco qualquer outra alteração durante realização de exames de rastreamento para erros inatos do metabolismo. Não há na família relato de quadro clínico semelhante ou distúrbios sugestivos de doença metabólica específica.
Paciente permaneceu internado durante 11 dias em uso de complexo polivitamínico B (80mg/dia de nicotinamida). Com melhora progressiva do quadro cutâneo e neurológico a partir do quarto dia de internação, recebeu alta com marcha atípica e resolução quase completa da dermatite pelagróide. Nos três meses subseqüentes retornou ao ambulatório de pediatria, assintomático e em uso de complexo polivitamínico B (20mg/dia de nicotinamida).
DISCUSSÃO
As manifestações clínicas de dermatite pelagróide – caracterizada por lesões eritêmato-descamativas em áreas de exposição ao sol – associadas ao surgimento concomitante de ataxia cerebelar intermitente, atingindo a inabilidade para deambulação, enquadram perfeitamente o paciente descrito ao diagnóstico clínico de doença de Hartnup em sua apresentação clássica. Além disso, achados secundários, tais como labilidade emocional, hiper-reflexia global de tendões profundos, crise convulsiva e alterações difusas no EEG, foram citados por outros autores como possíveis achados em pacientes com doença de Hartnup.
O caráter intermitente das alterações clínicas com fases de exacerbação verificadas principalmente no período de junho-julho, idêntico ao relatado por Da Gloria e cols., muito provavelmente, segundo relato da mãe, deve-se, nesse caso, à significativa exposição do paciente à luz solar nesse período, coincidente com o de férias escolares, ao que se soma o fato de as estações do ano serem pouco definidas na região.
Goulon e cols.5 em seu trabalho subdividem os casos de pelagra em exógenos e endógenos. A pelagra exógena está relacionada à hipovitaminose B3 induzida principalmente por dieta pobre em triptofano e não está associada a aumento da excreção renal de aminoácidos, ao contrário da pelagra endógena, cujo principal exemplo é a doença de Hartnup, sendo a queda dos níveis de niacina resultado de defeito na absorção renal e intestinal do triptofano.
Pelagra carencial deve ser considerada o principal diagnóstico diferencial, afastado, no entanto, pela ausência dos distúrbios gastrointestinais típicos da síndrome (em especial a diarréia) e pela diferença entre as manifestações neuropsíquicas apresentadas pelo paciente e a demência característica da pelagra exógena. Além disso, a ingesta diária de leite de vaca (alimento rico em triptofano), a sazonalidade das alterações clínicas e a não-observância de sinais e sintomas semelhantes em outras crianças da comunidade rural habitada pelo paciente são também fatores que se somam para afastar o diagnóstico de pelagra nutricional. Outras etiologias possíveis para a pelagra endógena, além da doença de Hartnup, seriam o uso prolongado de isoniazida, de 6-mercaptopurina e tumores carcinóides, situações essas não verificadas no paciente em questão.5
Assim, frente ao quadro clínico apresentado pelo paciente, somado à eficácia do tratamento proposto, responsável pela remissão tanto de lesões cutâneas como das alterações neurológicas, sugere-se diagnóstico de pelagra endógena. Porém, tal como nos casos descritos por Goulon e cols. (França), Da Gloria e cols.(Brasil), Borrie e Lewis e Tada e cols. (Japão), neste também não se evidenciou hiperaminoacidúria típica da doença de Hartnup quando da realização da cromatografia plana e bidimensional de aminoácidos em papel.
Possível explicação já aventada para a não-verificação de aminoacidúria em pacientes com quadro clínico da doença de Hartnup seria uma alteração no metabolismo do triptofano que acarretaria distúrbio em sua transformação em cirunenina por defeito da enzima triptofano-pirrolase. Ou, ainda, como no caso descrito por Borrie e Lewis,a dicotomia entre quadro clínico e achados laboratoriais poderia ser devida a possível genótipo heterozigoto do paciente avaliado.
Entretanto, assim como os casos apresentados por Goulon e cols. e Da Gloria e cols., não foi possível precisar se o déficit de niacina seria resultado de alteração no metabolismo ou transporte renal/intestinal do triptofano. Da Gloria e cols. questionam se a presença de sinais e sintomas da doença de Hartnup sem associação com qualquer disfunção metabólica até agora identificada ou com níveis aumentados de aminoácidos na urina poderia até mesmo tratar-se de uma nova entidade, o que, acreditam os autores, deve ser alvo de investigação, dadas a singularidade e a semelhança do caso aqui descrito com os demais citados."
RESUMO
Menino, 7 anos, com história de convulsão, hiperpigmentação cutânea em áreas de exposição solar e episódios recorrentes de ataxia cerebelar. Estabelecido diagnóstico clínico de doença de Hartnup, foi tratado com nicotinamida, com melhora. Análises não confirmaram aminoacidúria ou outras alterações metabólicas. Na doença de Hartnup ocorre defeito no transporte renal e intestinal de aminoácidos neutros, reduzindo triptofano disponível para produção de niacina. Cursa com ataxia cerebelar intermitente, erupções cutâneas pelagróides e distúrbios mentais. Aminoacidúria em cromatografia urinária confirma diagnóstico, porém são descritos casos compatíveis com doença de Hartnup sem aminoacidúria.
Palavras-chave: Aminoacidúria renal; Doença de Hartnup; Pelagra
INTRODUÇÃO
A doença de Hartnup é condição genética autossômica recessiva rara, que acomete principalmente crianças entre cinco e 15 anos de idade,1 descrita por Baron e cols.2 em 1956. Sua fisiopatologia está relacionada a defeito no transporte tubular proximal renal e intestinal jejunal de aminoácidos neutros, sendo a gênese de suas manifestações clínicas atribuída à queda dos níveis de niacina (vitamina B3), ocasionada pela diminuição da absorção de seu precursor, o triptofano.
Múltiplas formas de apresentação podem ser reconhecidas, desde indivíduos totalmente assintomáticos, passando pela forma mais freqüente identificada por dermatite fotossensível do tipo pelagróide associada a ataxia cerebelar intermitente e sintomas neuropsíquicos, podendo até mesmo em alguns casos desenvolver quadros mais graves com lesões neurodegenerativas progressivas e morte. Exposição à luz solar, febre, uso de sulfonamidas, estresse emocional, infecções intercorrentes e dieta irregular ou inadequada são fatores descritos como possíveis desencadeantes dos sinais e sintomas.
O diagnóstico da doença de Hartnup é estabelecido pela identificação de hiperaminoacidúria na cromatografia urinária. A ausência de hiperaminoacidúria em pacientes com quadro clínico de doença de Hartnup vem sendo descrita por alguns autores. O tratamento baseia-se na administração oral de nicotinamida (40 a 250mg/dia).
RELATO DO CASO
Menino de sete anos, branco, procedente de zona rural, filho único de pais sadios não consangüíneos, foi assistido em serviço de pronto atendimento em julho de 2003, ocasião na qual a mãe relatou história de crise convulsiva generalizada, de início súbito, no domicílio, uma hora antes. Negou passado recente ou remoto de trauma crânio-encefálico, infecções do sistema nervoso central, crises semelhantes ou qualquer outra doença associada nem uso rotineiro de qualquer medicação.
Mãe refere que em duas ocasiões (junho de 2001 e julho de 2002) a criança desenvolveu lesões cutâneas eritêmato-descamativas, não pruriginosas, inicialmente vinhosas que evoluíam para áreas avermelhadas com descamação, sempre restritas a regiões de exposição ao sol, associadas a alteração importante da marcha (cambaleante) que perduravam ao longo de duas ou três semanas com resolução espontânea e concomitante das lesões cutâneas e da marcha, recebendo, na ocasião, o diagnóstico de pelagra.
Na admissão hospitalar chamava a atenção aspecto ressecado da pele, eritematosa com áreas de descamação superficial localizadas em face, nuca, colo, dorso de antebraços, mãos ,além de pernas e pés.Negava alteração do hábito intestinal. Neurologicamente apresentava-se consciente, auto e alodesorientado, hiperreflexia global de tendões profundos, sem sinais de irritação meníngea, marcha atáxica (base alargada e articulações enrijecidas) que evoluiu atingindo a inabilidade para deambulação. Exame de fundo de olho normal. Demais sistemas sem alterações. Avaliação antropométrica: 25kg de peso (p75%), 118cm (p25%) de estatura.
Por ocasião da internação foram realizados hemograma, EAS e urina de 24 horas, glicemia, dosagem de eletrólitos e proteínas (total e frações), provas de função hepática e renal, análise do LCR (incluindo exame bacterioscópico, pesquisa de fungos, toxoplasmose e VDRL), radiografia de tórax e crânio, sendo considerados todos os resultados normais. A tomografia craniana computadorizada e a ressonâncea magnética do crânio não revelaram anomalias. Eletroencefalograma (EEG) de repouso e ativado pela hiperpnéia evidenciou desorganização difusa do traçado. Sua idade óssea foi calculada em sete anos, segundo critérios de Pyle para sexo masculino.
A cromatografia plana e bidimensional de aminoácidos em papel não revelou elevação na excreção urinária de aminoácidos. Níveis séricos de aminoácidos mostraram-se dentro dos padrões de normalidade. Não foi detectado indican urinário, tampouco qualquer outra alteração durante realização de exames de rastreamento para erros inatos do metabolismo. Não há na família relato de quadro clínico semelhante ou distúrbios sugestivos de doença metabólica específica.
Paciente permaneceu internado durante 11 dias em uso de complexo polivitamínico B (80mg/dia de nicotinamida). Com melhora progressiva do quadro cutâneo e neurológico a partir do quarto dia de internação, recebeu alta com marcha atípica e resolução quase completa da dermatite pelagróide. Nos três meses subseqüentes retornou ao ambulatório de pediatria, assintomático e em uso de complexo polivitamínico B (20mg/dia de nicotinamida).
DISCUSSÃO
As manifestações clínicas de dermatite pelagróide – caracterizada por lesões eritêmato-descamativas em áreas de exposição ao sol – associadas ao surgimento concomitante de ataxia cerebelar intermitente, atingindo a inabilidade para deambulação, enquadram perfeitamente o paciente descrito ao diagnóstico clínico de doença de Hartnup em sua apresentação clássica. Além disso, achados secundários, tais como labilidade emocional, hiper-reflexia global de tendões profundos, crise convulsiva e alterações difusas no EEG, foram citados por outros autores como possíveis achados em pacientes com doença de Hartnup.
O caráter intermitente das alterações clínicas com fases de exacerbação verificadas principalmente no período de junho-julho, idêntico ao relatado por Da Gloria e cols., muito provavelmente, segundo relato da mãe, deve-se, nesse caso, à significativa exposição do paciente à luz solar nesse período, coincidente com o de férias escolares, ao que se soma o fato de as estações do ano serem pouco definidas na região.
Goulon e cols.5 em seu trabalho subdividem os casos de pelagra em exógenos e endógenos. A pelagra exógena está relacionada à hipovitaminose B3 induzida principalmente por dieta pobre em triptofano e não está associada a aumento da excreção renal de aminoácidos, ao contrário da pelagra endógena, cujo principal exemplo é a doença de Hartnup, sendo a queda dos níveis de niacina resultado de defeito na absorção renal e intestinal do triptofano.
Pelagra carencial deve ser considerada o principal diagnóstico diferencial, afastado, no entanto, pela ausência dos distúrbios gastrointestinais típicos da síndrome (em especial a diarréia) e pela diferença entre as manifestações neuropsíquicas apresentadas pelo paciente e a demência característica da pelagra exógena. Além disso, a ingesta diária de leite de vaca (alimento rico em triptofano), a sazonalidade das alterações clínicas e a não-observância de sinais e sintomas semelhantes em outras crianças da comunidade rural habitada pelo paciente são também fatores que se somam para afastar o diagnóstico de pelagra nutricional. Outras etiologias possíveis para a pelagra endógena, além da doença de Hartnup, seriam o uso prolongado de isoniazida, de 6-mercaptopurina e tumores carcinóides, situações essas não verificadas no paciente em questão.5
Assim, frente ao quadro clínico apresentado pelo paciente, somado à eficácia do tratamento proposto, responsável pela remissão tanto de lesões cutâneas como das alterações neurológicas, sugere-se diagnóstico de pelagra endógena. Porém, tal como nos casos descritos por Goulon e cols. (França), Da Gloria e cols.(Brasil), Borrie e Lewis e Tada e cols. (Japão), neste também não se evidenciou hiperaminoacidúria típica da doença de Hartnup quando da realização da cromatografia plana e bidimensional de aminoácidos em papel.
Possível explicação já aventada para a não-verificação de aminoacidúria em pacientes com quadro clínico da doença de Hartnup seria uma alteração no metabolismo do triptofano que acarretaria distúrbio em sua transformação em cirunenina por defeito da enzima triptofano-pirrolase. Ou, ainda, como no caso descrito por Borrie e Lewis,a dicotomia entre quadro clínico e achados laboratoriais poderia ser devida a possível genótipo heterozigoto do paciente avaliado.
Entretanto, assim como os casos apresentados por Goulon e cols. e Da Gloria e cols., não foi possível precisar se o déficit de niacina seria resultado de alteração no metabolismo ou transporte renal/intestinal do triptofano. Da Gloria e cols. questionam se a presença de sinais e sintomas da doença de Hartnup sem associação com qualquer disfunção metabólica até agora identificada ou com níveis aumentados de aminoácidos na urina poderia até mesmo tratar-se de uma nova entidade, o que, acreditam os autores, deve ser alvo de investigação, dadas a singularidade e a semelhança do caso aqui descrito com os demais citados."
ANTES ANTES/DEPOIS
Fonte bibliográfica: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962006000500009&lng=pt&nrm=iso
Baseando-se no artigo, podemos ver que a pelagra pode apresentar um caráter endógeno, conhecido como Doença de Hartnup, sendo caracterizada pela má absorção de triptofano nos rins e intestino delgado, causando uma queda nos níveis de niacina no organismo. Entretanto, comparar pelagra com a Doença de Hartnup não é interessante, pois a pelagra é ocasionada pela deficiência na ingestão de vitamina B3, triptofano e a Doença de Hartnup é consequência de um defeito genético que pode acarretar um quadro clínico semelhante ao de pelagra, devido a baixa concentração de niacina no metabolismo. Além disso, os sintomas são diferenciados, não há uma definição precisa da Doença de Hartnup, não há conclusões nas investigações desta doença.
By: Ivana Melo
Participações do NAD nas Vias Metabólicas
GLICÓLISE: nesta via o NAD funciona como receptor de hirogênio, tornando-se reduzido na forma NADH, conservando em si altas concentrações de energia que serão utilizadas numa outra etapa da via.
CICLO DE KREBS: ocorre na matriz mitocôndrial, o NAD primeiramente funciona como receptor de elétrons e prótons de hidrogênio, sendo reduzido a NADH, que portará a energia liberada pelas oxidações. Em uma outra etapa (CTE) o NADH é oxidado, liberando H+, esse próton vai se unir a uma molécula de O2, formando água.
GLICONEOGÊNESE: o malato que está presente dentro da mitocôndria é tranasportado para o citossol, lá ele é reoxidado formando oxaloacetato com produção de NADH. Sem NADH para liberar energia na conversão de 1,3-bifosfoglicerato em gliceraldeído 3-fosfato, não há síntese de glicose, logo a oxidação de NADH a NAD é extremamente importante para tal via. É importante durante uma situação de jejum prolongao.
By: Ivana Melo
CICLO DE KREBS: ocorre na matriz mitocôndrial, o NAD primeiramente funciona como receptor de elétrons e prótons de hidrogênio, sendo reduzido a NADH, que portará a energia liberada pelas oxidações. Em uma outra etapa (CTE) o NADH é oxidado, liberando H+, esse próton vai se unir a uma molécula de O2, formando água.
GLICONEOGÊNESE: o malato que está presente dentro da mitocôndria é tranasportado para o citossol, lá ele é reoxidado formando oxaloacetato com produção de NADH. Sem NADH para liberar energia na conversão de 1,3-bifosfoglicerato em gliceraldeído 3-fosfato, não há síntese de glicose, logo a oxidação de NADH a NAD é extremamente importante para tal via. É importante durante uma situação de jejum prolongao.
By: Ivana Melo
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