quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Niacina

De acordo com o artigo "Farmacologia da niacina ou ácido nicotínico", a niacina uma vitamina solúvel com propriedades hipolipemiantes reduz triglicérides (20% - 50%), LDL (5% - 25%), e aumenta HDL (15% - 35%) O estudo Coronary Drug Projectmostrou que o uso de niacina foi associado com redução de eventos coronários e mortalidade total, e mais recentemente, foi demonstrado que niacina combinada com outras drogas hipolipemiantes pode atenuar a progressão
da aterosclerose coronária. A niacina parece reduzir a mobilização de ácidos graxos livres dos adipócitos, agindo em receptores específicos, diminuindo a formação de lipoproteínas ricas em triglicérides pelo fígado. Porém, a ação da niacina não é totalmente conhecida.
A niacina é metabolizada por duas vias metabólicas: a via na qual é conjugada com a glicina para formaçãodo ácido nicotinúrico e a via que abrange uma série de reações de óxido-redução que formam a nicotinamida e derivados pirimidínicos.
Atualmente existem três formulações do ácido nicotínico: liberação imediata ou cristalina, liberação intermediária, prolongada também conhecida com extendida na literatura de língua inglesa e a forma de liberação lenta. A niacina de liberação imediata é rapidamente absorvida
e excretada e, geralmente, é prescrita em múltiplas doses. A niacina de liberação lenta tem um tempo de dissolução geralmente maior que 12 horas. Entre as duas formas clássicas de liberação da niacina encontra-se a forma de liberação intermediária ou extendida. A mesma é absorvida num período de 8 a 12 horas. A mesma deve ser ingerida uma vez por dia e é a única
formulação aprovada pelo FDA para tratamento das dislipidemias. A niacina de liberação imediata rapidamente satura a via da nicotinamida sendo preferencialmente metabolizada pela via do ácido nicotinúrico, fato que leva a alta prevalência de “flushing” (calor e rubor e causado pela liberação de prostaglandinas durante a formação do ácido nicotinúrico) e ausência de hepatotoxicidade. Já a formulação de ação lenta raramente
causa rubor devido a sua preferência pela via da nicotinamida.
Por outro lado, essa formulação associa-se
alto risco de hepatotoxicidade dose dependente. A formulação de liberação intermediária fica num meio termo entre as duas outras formulações sendo que apresenta cerca de 60% menos rubor que a formulação de liberação imediata e raramente apresenta toxicidade hepática em doses de até 2 g/dia.
O uso da niacina de liberação rápida é limitado pela alta taxa de efeitos colaterais (10-50% dos casos de interrupção do tratamento): rubor, calor, prurido, náusea, dispepsia, dor abdominal e diarréia. Em comparação com a formulação de liberação rápida a forma lenta não causa “flushing”, contudo, cerca de 75% dos participantes de estudos randomizados apresentaram aumento das aminotrasnferases três vezes o limite superior do normal, sendo que muitos apresentaram sinais de insuficiência hepática. Por outro lado a niacina de liberação intermediária
causa “flushing” em cerca de 50% dos casos, efeito colateral que vai diminuindo com o passar do tempo. Em estudos controlados apenas 5% dos pacientes suspenderam o tratamento devido a esse fato. O aumento das aminotrasnferases duas vezes acima do limite superior do normal ocorreu em apenas 2,6% dos casos, geralmente em associação com estatinas ou colestiramina e foi reversível com a suspensão dos medicamentos. O uso dessa formulação não se associa a insuficiência hepática.
Um efeito colateral descrito com o uso da niacina de liberação imediata é a hiperglicemia. Esse fato é preocupante, pois uma grande parcela de portadores de diabetes e resistência à insulina tem níveis baixos de HDL-C sendo que a niacina seria uma ótima opção terapêutica. Contudo, há evidência de que com a formulação de liberação intermediária as alterações da glicemia são discretas e transitórias.
Outros possíveis e raros efeitos colaterais com as diversas formulações de niacina são a hiperuricemia, gota, arritmias cardíacas, tontura, calafrios, edema, cefaléia, e ativação de úlcera péptica.
Uma outra possibilidade é a toxicidade muscular (CPK > 10 vezes o limite superior do normal) com o uso isolado, mas principalmente com a associação niacina-estatinas. A incidência desses casos é muito baixa e acredita-se que ocorra na ordem de 2-4/1000. 10 De 601 casos avaliados pelo FDA em 2002 apenas 4 (0,7%) ocorreram pela associação.










O artigo completo está aqui:
http://www.scielo.br/pdf/abc/v85s5/v85s5a05.pdf

Por: Pollana Roberta Alves Campos

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